Prefácio

A escola pública e a escolaridade obrigatória foram, sem dúvida, das melhores ''invenções'' da modernidade. Exige-se hoje que a escola seja para todos, na prática e não apenas no papel. Os alunos com necessidades educativas especiais, com espectro de autismo, não podem ser discriminados, distinguidos, têm que ter uma diferenciação positiva entre todos os outros.
Relativamente a esta problemática ainda há muito por esclarecer. O nosso objectivo com este projecto é tentar dilucidar o tema e se possível contribuir para esclarecer esta temática duma forma responsável e credível.
Ao elaborar todo este trabalho pretendemos que ele se constitua como um espaço de reflexão e de crítica sobre uma problemática que para muitos permanece obscura. Queremos contribuir para uma escola inclusiva onde a supremacia da diferença encontre voz.
Por tudo isto, conscientes do que vamos fazer continuamos a apostar no nosso esforço.

Ass: João Alves; Marlene Valpaços; Sónia Kilçik.

domingo, 21 de março de 2010

Hiper-selectividade e Autismo


Este é um livro que veio enriquecer, em língua portuguesa, os bons textos sobre o autismo. Hilde de Clercq, num testemunho extraordinário de mãe, descreve nele a importância do trabalho que pode ser efectuado com crianças com autismo. Mas, como é frequentemente referido, talvez a melhor e maior contribuição do livro seja a de aproximar o mundo do autismo do mundo das pessoas que, voluntária ou involuntáriamente ''nada querem ter a ver com isto'' e que são por exemplo alguns professores, educadores, os médicos, psicólogos, os políticos e cidadãos em geral.
Remetendo para a reflexão, mas de leitura fácil e agradável, recomenda-se vivamente, contribuindo, do meu ponto de vista, para que a expressão ''autista'' não seja tão ''levianamente'' usada.


Ass: João Alves

Compreender o Autismo

Desde o nascimento que as crianças procuram significados. As crianças normais depressa olham para o invisível, para os significados ocultos das coisas. Elas vão para ''além da informação dada''. Elas sentem intuitivamente que o significado por detrás da percepção é mais importante que o significado literal da percepção em si mesma. Esta é a sua hipótese, a sua teoria e, com as suas hipóteses e observações, elas aprendem o abstracto e o significado subtil da linguagem e do comportamento social. O significado é que conta.
As crianças com autismo começam com teorias e hipóteses algo diferentes. Não que a busca por significado não exista, mas acontece de modo diferente. A percepção é algo central e os detalhes sobressaem no labirinto das informações. As crianças com autismo seleccionam pormenores e combinam-nos para encontrarem um significado neste mundo confuso, por vezes caótico, que é o mundo invisível dos significados não percebidos directamente.

Ass: João Alves